Neste domingo (30), movimentos sociais de esquerda, centrais sindicais e coletivos populares realizaram manifestações contra o PL da Anistia em pelo menos oito capitais do Brasil, em uma onda de protestos que reforça a defesa da democracia e o repúdio às tentativas de golpe. Os atos ocorrem em meio ao avanço das investigações sobre os ataques de 8 de janeiro de 2023 e às vésperas dos 61 anos do golpe militar de 1964, que instaurou uma das fases mais sombrias da história brasileira.
As manifestações foram organizadas por frentes como a Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular, além de entidades como a CUT, UGT, MTST e MST. As capitais que sediaram os protestos foram São Paulo, Brasília, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba, Belém e São Luís.
São Paulo lidera maior concentração
Na capital paulista, a manifestação reuniu milhares na Avenida Paulista, de onde os participantes seguiram em caminhada até o prédio do antigo DOI-CODI, símbolo da repressão durante a ditadura militar. A concentração teve forte apelo simbólico, unindo pautas pela memória, verdade, justiça e pelo fim da impunidade dos envolvidos nos ataques à democracia brasileira.
A manifestação contou com a presença de parlamentares como Guilherme Boulos (PSOL-SP), Érika Hilton (PSOL-SP) e Lindbergh Farias (PT-RJ). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participou por estar em retorno de missão internacional.

Atos também mobilizam o Rio e outras capitais
No Rio de Janeiro, as ações foram focadas na panfletagem e mobilização popular em diversos pontos da cidade, como a Feira da Glória, o Aterro do Flamengo, a Praia de Copacabana e o Museu da República, no Catete. As atividades integram a preparação para o ato unificado que acontece na terça-feira (1º de abril), quando os manifestantes sairão do antigo prédio do DOPS em direção à sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
“Estamos nas ruas contra qualquer tipo de golpe. Ditadura nunca mais. Tortura nunca mais. Democracia sempre!”, afirmou Regina Toscano, integrante do Núcleo Resistência do PT.
Para Sérgio Santana, da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, o PL da Anistia é um retrocesso e os envolvidos nos atos antidemocráticos e nas tramas golpistas devem ser punidos com rigor.
Mobilização nacional em defesa do Estado Democrático
Os protestos aconteceram poucos dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) tornar Jair Bolsonaro e mais sete aliados réus por tentativa de golpe. A pauta ganhou ainda mais força com o contexto histórico do mês de março, quando se lembra o início da ditadura militar em 1964.
Além de São Paulo e Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Belém, Recife, Curitiba e São Luís também registraram mobilizações, embora em menor escala.
Os organizadores reforçaram que os atos não são exclusivos de partidos ou ideologias específicas, mas sim um chamado amplo em defesa da democracia, contra o apagamento da memória e pela responsabilização dos envolvidos na tentativa de subverter a ordem constitucional.