O Museu Nacional, ícone da ciência e da cultura brasileira, receberá um novo impulso em sua reconstrução, com o anúncio de um apoio financeiro não reembolsável de R$ 50 milhões feito pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nesta quarta-feira (2). Os recursos são provenientes do Fundo Cultural do BNDES e elevam para R$ 100 milhões o total investido pela instituição na restauração do espaço, que foi gravemente atingido por um incêndio em 2018.
A cerimônia de anúncio ocorreu na Quinta da Boa Vista, sede do Paço de São Cristóvão, e contou com a assinatura do primeiro repasse imediato, no valor de R$ 2,5 milhões, liberado pelo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. A empresa Cosan também anunciou uma contribuição de R$ 3 milhões para o projeto de restauro.

Investimento cultural no Museu Nacional contempla patrimônio, biblioteca e sustentabilidade
Os recursos destinados pelo BNDES para o Museu Nacional/UFRJ abrangem diferentes frentes: restauração arquitetônica do Paço de São Cristóvão, reforma e modernização da Biblioteca Central, e ações de ativação cultural. Um dos destaques do projeto é a estruturação de um fundo patrimonial, voltado à sustentabilidade financeira de longo prazo do museu, garantindo sua manutenção e funcionamento após a reabertura.
“Reafirmamos nosso compromisso com o resgate do patrimônio histórico e cultural brasileiro. O Museu Nacional voltará a ser um símbolo da ciência e da diversidade do Brasil”, declarou Mercadante, lembrando do compromisso assumido pelo governo federal durante a cúpula social do G20.

Museu Nacional Vive: articulação coletiva pela reconstrução
O projeto faz parte da iniciativa Museu Nacional Vive, uma coalizão liderada pela UFRJ, com apoio do BNDES, Instituto Cultural Vale, empresas privadas e diversos parceiros institucionais. O objetivo é devolver à sociedade o primeiro museu e a primeira instituição científica do Brasil, com acervo renovado e estrutura moderna.
“O BNDES foi parceiro antes e depois do incêndio. Sua atuação flexível e contínua mostra um exemplo de compromisso com o país”, afirmou Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional/UFRJ.
“Esse investimento abre portas para que outras instituições se unam ao esforço de reconstrução”, completou Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale e representante do Comitê Executivo do projeto.

Patrimônio histórico, científico e cultural do Brasil
Fundado por Dom João VI em 1818, o Museu Nacional é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ocupa, desde 1892, o Paço de São Cristóvão, antigo palácio imperial. O espaço é referência em pesquisa científica, educação e preservação de acervos históricos, sendo considerado o maior museu de história natural e antropologia da América Latina.
Entre os tesouros do museu estão a renomada coleção egípcia fomentada por Dom Pedro II, peças greco-romanas da coleção Teresa Cristina, artefatos indígenas, afro-brasileiros e fósseis de dinossauros e espécies marinhas. Uma das mais valiosas descobertas do acervo é o fóssil humano de Luzia, com cerca de 13 mil anos, considerado o mais antigo da América do Sul.
Reconstrução do Museu Nacional avança como símbolo de reconstrução cultural
O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, destacou que a nova fase do projeto é resultado do empenho do Ministério da Educação, liderado por Camilo Santana, e do presidente Lula, que tem priorizado o retorno do museu à vida cultural do Brasil.
“Essa liberação de recursos é uma conquista que emociona. Estamos cada vez mais próximos de devolver esse espaço à sociedade brasileira”, afirmou Medronho.
A expectativa é que, com o avanço das obras e o envolvimento crescente de empresas e instituições, o Museu Nacional do Brasil volte a se consolidar como um dos grandes polos de educação científica, cultura e memória nacional.