O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou nesta quarta-feira (2) a criação de um novo pacote de tarifas recíprocas sobre produtos importados, atingindo diretamente produtos brasileiros com uma alíquota de 10%. A medida faz parte de uma ofensiva mais ampla de protecionismo econômico, que inclui sobretaxas de até 49% sobre itens de países asiáticos, como Camboja e Vietnã.
Durante um discurso de quase uma hora nos jardins da Casa Branca, Trump classificou a data como o “Dia da Libertação Econômica” dos Estados Unidos, justificando as tarifas como forma de reverter décadas de práticas comerciais injustas.
Brasil será taxado em 10% a partir de abril
Segundo comunicado da Casa Branca, os novos tributos começam a valer nos dias 5 e 9 de abril. O Brasil está entre os países que terão produtos taxados em 10%, a alíquota mínima do pacote. Nações como China (34%), Japão (24%), Índia (26%) e Tailândia (36%) foram mais severamente atingidas.
As novas tarifas não se aplicam a remédios e determinados itens estratégicos, mas a indústria farmacêutica poderá ser incluída em futuras rodadas. Automóveis fabricados fora dos EUA, por outro lado, serão taxados em 25%, fora do escopo das tarifas recíprocas.
Exportações brasileiras para os EUA sentem impacto direto
O plano tarifário de Trump tem como foco os países que, segundo ele, aplicam tarifas ou barreiras não tarifárias contra produtos americanos. O novo regime inclui também outros países latino-americanos, como Argentina, Colômbia, Peru, Chile, Costa Rica, Equador e Guatemala, todos com tarifa de 10%.
Já a Nicarágua, governada por Daniel Ortega, opositor político de Trump, terá taxas de 18% sobre todos os seus produtos exportados aos EUA.
Nova política comercial dos EUA busca reduzir déficit bilionário
Trump justificou as medidas alegando que os Estados Unidos foram explorados comercialmente por mais de 50 anos, acumulando um déficit de US$ 918 bilhões em 2023. Segundo ele, as tarifas vão estimular a produção doméstica, atrair investimentos e fomentar o retorno de indústrias estratégicas, como a de chips, medicamentos e veículos.
“Vamos produzir nossos carros, nossos navios e nossos remédios aqui. Quem não quiser, vai pagar caro para vender aqui dentro”, declarou o presidente.
Ele também acusou países de manipular moedas, subsidiar exportações e impor exigências ambientais e de propriedade intelectual desfavoráveis aos EUA. Com isso, Trump pretende acionar mecanismos da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, que permite medidas unilaterais em contextos de “emergência comercial”.
Trump mira 2024 com discurso nacionalista e proteção à indústria americana
O novo pacote tarifário foi apresentado em tom eleitoral. Trump voltou a defender sua política de “America First“, destacando que as tarifas são um sinal de que os EUA “finalmente estão cuidando do seu próprio povo”.
“Estamos defendendo o trabalhador americano. Outros países vão reclamar, mas os tempos mudaram”, afirmou. “Podemos ser mais ricos que qualquer outro país — estamos ficando espertos.”
Economistas, no entanto, alertam para o risco de aumento nos preços internos e possíveis retaliações comerciais, especialmente do setor agrícola, que pode sofrer com novas tarifas sobre commodities americanas.
Apesar disso, Trump encerrou seu discurso com a promessa de seguir firme na política tarifária:
“Se eles taxam nossos produtos, nós também vamos taxar os deles. Isso é justiça, isso é reciprocidade.”