Em discurso proferido durante a abertura do Fórum Mundial da Alimentação, em Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que os países priorizem a inclusão dos mais pobres em seus orçamentos. Para Lula, esta não deve ser vista como uma medida assistencialista, mas sim como uma política de Estado fundamental.
“É preciso colocar os pobres no orçamento e transformar esse objetivo em política de Estado, para evitar que avanços fiquem à mercê de crises ou marés políticas. Mesmo líderes de países com orçamentos pequenos podem e precisam fazer essa escolha”, afirmou o presidente.
Lula também enfatizou o recente anúncio da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) sobre a saída do Brasil do Mapa da Fome. Ele destacou que 30 milhões de brasileiros voltaram a ter acesso regular às refeições e que, em 2024, o país alcançou a menor proporção de domicílios em situação de insegurança alimentar grave em sua história. O presidente também mencionou a redução na proporção de domicílios com crianças menores de 5 anos em situação de insegurança alimentar grave.
“Um país soberano é um país capaz de alimentar o seu povo. A fome é inimiga da democracia e do pleno exercício da cidadania. É possível superá-la por meio de ação governamental, mas governos só podem agir se dispuserem de meios”, avaliou Lula.
Para o presidente, o aumento do financiamento ao desenvolvimento, a redução dos custos de empréstimos, o aperfeiçoamento dos sistemas tributários e o alívio das dívidas dos países mais pobres são medidas essenciais para combater a fome global.
“Não basta produzir. É preciso distribuir. Poucas iniciativas contribuiriam tanto para a segurança alimentar quanto uma reforma da arquitetura financeira internacional, que direcionasse recursos para quem mais precisa”, declarou.
Lula ressaltou o paradoxo enfrentado pela América Latina e Caribe, regiões que, apesar de serem celeiros do mundo, ainda convivem com a fome. Ele também apontou para o crescimento econômico da África, acompanhado de um aumento preocupante nos níveis de insegurança alimentar.
Antes do Fórum, o presidente se reuniu com o papa Leão XIV, a quem parabenizou por sua primeira exortação apostólica e pela mensagem de preocupação com os mais pobres. Lula expressou a necessidade de criar um amplo movimento de indignação contra a desigualdade, considerando o documento papal uma referência importante que deve ser lida e praticada por todos.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br