A 15ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup) teve início nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, com o tema “Ideias para Reencantar o Mundo: Escrevivências, Sonhos e Batidões”. O evento celebra o legado político e cultural do Caribe e suas influências na diáspora africana, com foco especial no Brasil.
A Flup, que se estenderá até o dia 30 de novembro, com um intervalo entre os dias 24 e 26, tem como palco o Viaduto de Madureira, na zona norte da cidade. O evento busca aproximar a literatura de áreas periféricas, promovendo encontros entre autores e a comunidade.
Nesta edição, a escritora Conceição Evaristo, criadora do conceito de “Escrevivência”, será homenageada. Evaristo transforma experiências individuais em narrativas coletivas da comunidade afro-brasileira. Esta é a primeira vez que a Flup homenageia um escritor ainda em vida.
A programação inclui uma exposição sobre a vida, obra e legado do intelectual anticolonial e antirracista Frantz Fanon. O psiquiatra e filósofo político afro-caribenho criticava os sistemas racistas, a burguesia europeia e a dominação do pensamento colonial em suas obras.
Um dos pontos altos da festa será a mesa “O Sonho de Nossos Heróis, que Precisamos Manter Vivo”, onde Conceição Evaristo e Mireille Fanon, filha do filósofo, discutirão as trajetórias das lutas sociais no Brasil e no Caribe, bem como os líderes desses movimentos.
A intervenção “Códigos Negros”, inspirada no livro “Os Condenados da Terra”, de Fanon, apresentará obras digitais exibidas em telões de LED. A exposição é uma parceria entre a organização Olabi e os artistas Guilherme Bretas, Ilka Cyana, Poliana Feulo e Walter Mauro, que utilizam inteligência artificial e outras tecnologias de vídeo e imagem.
Silvana Bahia, curadora da intervenção e co-diretora executiva do Olabi, destaca a atualidade do pensamento de Fanon, inclusive para discussões sobre tecnologia. Ela ressalta que a ideia de descolonização e os impactos das estruturas racistas e misóginas são aspectos importantes das obras de Fanon, explorados na intervenção com o uso de ferramentas digitais.
Com 12 anos de história no Rio de Janeiro, a Flup já passou por diversas comunidades, promovendo integração social através de experiências culturais. O trabalho da Flup foi reconhecido com prêmios importantes, e em 2023, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro a declarou patrimônio imaterial. Além dos eventos públicos, a organização também promove processos formativos para escritores e já lançou diversos livros no mercado.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

