O Colégio Militar de Brasília se despediu de Isaac Moraes, de 16 anos, em meio a comoção e um clamor por justiça. Colegas e amigos, ainda “paralisados” pela tragédia, soltaram balões brancos antes do sepultamento no Cemitério Campo da Esperança, na capital federal.
Isaac foi morto a facadas na última sexta-feira, após ser abordado por um grupo de adolescentes que roubou seu celular. O crime ocorreu próximo ao Parque Maria Claudia Del´Isola, na Asa Sul, uma área nobre de Brasília.
Segundo as investigações, os adolescentes se aproximaram de Isaac, que jogava vôlei com amigos, pedindo acesso à internet para fazer uma ligação. Essa teria sido a abordagem inicial antes do roubo.
Os pais do adolescente, ambos profissionais da área de saúde, estavam visivelmente abalados e não puderam dar entrevistas. O irmão de Isaac, Edson Avelino, expressou a dor da família.
“Apesar da idade, Isaac era uma criança muito responsável e amada. Queria estudar na mesma área que eu”, disse Edson, que trabalha com tecnologia da informação. Ele também enfatizou a importância de que a justiça seja feita, mesmo que o crime tenha sido cometido por menores de idade. “Em um país em que se vota aos 16 anos de idade, entendo que a pessoa deve pagar pelos seus atos”, afirmou.
Moradores da região também manifestaram tristeza e medo após o ocorrido. Um vizinho da família, Ricardo Montalvão, relatou que seu filho também foi vítima de furto de celular recentemente. Ele também reclamou da demora no atendimento a Isaac após o ataque.
Um amigo de escola, Lucas, lembrou de Isaac como um garoto divertido e um excelente jogador de vôlei. “Ele brincou comigo um dia antes. Não entendo como isso foi ocorrer. Não caiu a ficha ainda”, lamentou.
O delegado Rodrigo Larizzatti, da Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente (DCA), informou que sete adolescentes foram interrogados e três foram apreendidos sob suspeita de envolvimento no crime. Ele confirmou que o grupo se aproximou de Isaac com o pretexto de precisar de conexão à internet, uma tática comum para iniciar roubos. O delegado ainda relatou que os adolescentes não demonstraram remorso durante o interrogatório, com exceção de um deles, que perguntou se a vítima havia falecido.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que adolescentes que cometem atos infracionais graves podem ser submetidos a medidas de internação por até três anos. Existe um projeto em tramitação no Congresso que propõe aumentar esse período para até dez anos em casos mais graves. Estudos indicam que o roubo é o ato infracional mais comum entre menores de 18 anos. Especialistas defendem o reforço da rede de proteção social e a garantia dos direitos previstos no ECA como forma de evitar que adolescentes em situação de vulnerabilidade cometam atos infracionais.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br