O Museu de Arte do Rio (MAR) presta homenagem a Vinicius de Moraes, renomado poeta, diplomata e compositor, por ocasião do 112º aniversário de seu nascimento. Uma exposição notável, que mergulha profundamente em sua vida e obra, está em cartaz neste mês.
A mostra, que reúne mais de 300 itens, incluindo manuscritos, fotografias, vídeos, livros e obras de arte, oferece uma visão abrangente do universo criativo de um dos pilares da cultura brasileira.
Entre os destaques da exposição, encontra-se o “Retrato de Vinicius”, uma obra de Cândido Portinari que está sendo exibida pela primeira vez no Rio de Janeiro. Há também um espaço dedicado à “Arca de Noé”, com as ilustrações cativantes de Elifas Andreato, que encantam gerações desde a década de 1970.
Ainda jovem, Vinicius já demonstrava seu talento precoce para a escrita. Aos nove anos, enquanto São Paulo vivenciava a Semana de Arte Moderna de 1922, ele já escrevia seus primeiros versos. Na adolescência, formou um grupo musical com colegas do Colégio Santo Inácio, incluindo os irmãos Paulo e Haroldo Tapajós, com quem compôs sua primeira letra gravada, “Loira ou Morena” (1932).
Em 1933, publicou seu primeiro livro de poemas, “O Caminho para a Distância”. Seu talento chamou a atenção de figuras como Manuel Bandeira e Mário de Andrade, que reconheceram nele uma voz nova e promissora na poesia brasileira.
Apesar de formado em Direito, Vinicius seguiu sua paixão pela palavra e pela música, transformando a experiência humana em arte. Exerceu diversas funções ao longo de sua vida, incluindo diplomata, jornalista, crítico de cinema, dramaturgo, letrista e cantor.
Serviu no Itamaraty de 1946 a 1968, quando foi compulsoriamente aposentado durante o regime militar. Essa perda, no entanto, abriu caminho para uma nova fase em sua trajetória artística.
Foi nas parcerias musicais que Vinicius encontrou sua expressão mais popular e universal. Com Tom Jobim, criou a Bossa Nova, que capturou o espírito solar do Rio de Janeiro nos anos 1950. Com Toquinho, formou uma das duplas mais queridas da música brasileira, resultando em mais de cem canções e cerca de mil apresentações.
Vinicius de Moraes compôs mais de 700 obras musicais, com 709 composições e 527 gravações registradas, segundo o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). Sua obra explora temas como o amor, a infância, a fé, a boemia, o lirismo e a ironia.
Entre seus livros mais notáveis, destacam-se “Forma e Exegese” (1935), “Poemas, Sonetos e Baladas” (1946), “Livro de Sonetos” (1957) e “A Arca de Noé” (1970). No teatro, escreveu “Orfeu da Conceição” (1954), uma tragédia carioca que transportou o mito grego para o morro e inspirou o filme “Orfeu Negro”, vencedor da Palma de Ouro em Cannes (1959).
Vinicius de Moraes faleceu em 9 de julho de 1980, aos 66 anos, vítima de edema pulmonar.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br