O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou nesta quarta-feira (9) sua preocupação com o avanço das tarifas unilaterais aplicadas pelos Estados Unidos sobre importações de diversos países, incluindo a elevação das tarifas contra a China. Segundo Lula, essas decisões podem ter um efeito devastador na economia mundial, prejudicando o equilíbrio das relações comerciais globais.
“Não sabemos qual será o impacto econômico disso. Pode afetar os preços dos produtos e comprometer as relações multilaterais. É um risco real para a estabilidade global”, disse o presidente, durante entrevista coletiva após a Cúpula da Celac, em Tegucigalpa, Honduras.
Confronto direto com a China e risco à diplomacia global
Ao comentar a nova medida do governo dos Estados Unidos, que aumentou as tarifas para produtos chineses ao mesmo tempo em que reduziu as taxas de importação para 75 países, Lula afirmou que a atitude configura uma tentativa de enfrentamento direto com a China e ameaça o sistema de comércio multilateral.
“Isso parece mais uma disputa pessoal de Trump contra a China do que uma política comercial. O multilateralismo é essencial para a estabilidade econômica do planeta. Nenhum país pode se impor de forma hegemônica — seja militar, cultural, industrial ou tecnológica”, reforçou Lula.
Governo brasileiro promete reciprocidade
Lula também sinalizou que, caso as tarifas americanas se mantenham ao final das negociações internacionais, o Brasil poderá adotar medidas recíprocas. Ele garantiu que a diplomacia será o caminho inicial, mas que o país está pronto para reagir.
“Vamos usar todos os termos do dicionário para negociar. Mas, se não houver acordo, tomaremos as decisões cabíveis”, afirmou o presidente.
Divergências internas na Celac
Durante a Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), Lula criticou países que tentaram bloquear a declaração final do evento. As delegações de Argentina e Paraguai tentaram vetar o texto, mas a declaração foi aprovada com ressalvas.
“O consenso não pode virar veto. Se há discordância, que se registre no documento. Isso é mais democrático e permite que as discussões avancem”, declarou Lula.
Brasil propõe mulher para liderar a ONU
Outro ponto de destaque da participação de Lula na Cúpula foi a proposta de que a Celac apoie uma candidatura única feminina da América Latina e Caribe para o cargo de secretária-geral da ONU em 2026. Para o presidente, a hora das mulheres chegou.
“As mulheres estão ganhando espaço e mostrando competência em diversas áreas. O século 21 pode, de fato, ser o século das mulheres”, disse.
Lula encerra sua agenda internacional e retorna ao Brasil nesta quinta-feira (10), com desembarque previsto em Brasília durante a madrugada.