Promotores de Justiça defendem a criação de uma agência nacional anti-máfia como ferramenta essencial para coordenar o combate ao crime organizado no país. A proposta, apresentada nesta sexta-feira (24), pelo promotor Lincoln Gakiya e o Procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, visa integrar as ações de diversas forças de segurança e órgãos de fiscalização, como a Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Em coletiva, as autoridades enfatizaram a necessidade de um esforço conjunto e coordenado para enfrentar a crescente sofisticação e ousadia das organizações criminosas. Além da criação da agência, defenderam o endurecimento da legislação penal contra o crime organizado, alinhando-se à proposta do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A aprovação de uma lei que agilize a expropriação de bens de criminosos e o fortalecimento dos mecanismos de proteção a autoridades, policiais e testemunhas também foram apontados como medidas urgentes.
Gakiya afirmou que o Primeiro Comando da Capital (PCC) é, atualmente, a principal máfia brasileira, demonstrando grande capacidade de infiltração no poder político, em negócios legais e nas estruturas financeiras. “Eles usam estratégias de controle de território e de intimidação de autoridades”, explicou Gakiya, destacando a urgência em combater essas táticas.
Oliveira e Costa ressaltou que a união de forças entre os poderes é crucial para superar divergências político-ideológicas e priorizar a proteção da sociedade. “A maneira de se começar a sair disso é endurecer a legislação e dizer claramente à sociedade que temos condições de ser mais organizados que o crime”, afirmou.
A iniciativa do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) surge após a divulgação da Operação Recon, que desmantelou um esquema criminoso que planejava atentados contra autoridades, incluindo o próprio Gakiya e o coordenador de presídios da região oeste de São Paulo, Roberto Medina.
A operação cumpriu 25 mandados de busca domiciliar em diversas cidades, resultando na prisão de dois homens em flagrante por tráfico de drogas em Presidente Prudente, onde o grupo havia alugado uma casa próxima à residência do promotor. Foram apreendidos mais de 4,3 quilos de drogas, quatro veículos, um simulacro de arma de fogo, munições e dinheiro em espécie.
De acordo com o MP-SP, os criminosos monitoravam os hábitos das autoridades e planejavam os ataques de forma meticulosa. A estrutura do grupo era altamente compartimentada, com funções específicas para cada integrante. A divisão incluía informantes e executores, estes últimos pertencentes a um grupo de elite responsável por atentados e resgates. Há suspeitas de que membros desse grupo estejam envolvidos no assassinato do ex-delegado geral de polícia Ruy Ferraz, caso em que oito suspeitos já foram presos.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

