O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a 4ª Reunião de Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE) em Santa Marta, Colômbia, reiterou a importância do multilateralismo e expressou preocupação com discursos que buscam legitimar o uso da força e intervenções consideradas ilegais em outros países.
Em sua fala, o presidente mencionou que “a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe” e criticou o que chamou de “velhas manobras retóricas” usadas para justificar intervenções ilegais. Lula, entretanto, não especificou quais países estariam envolvidos nessas ações. Ele reforçou que a região latino-americana é uma “região de paz” e manifestou o desejo de que essa condição seja mantida, argumentando que “democracias não combatem o crime violando o direito internacional”.
O encontro ocorre em meio a discussões sobre a atuação dos Estados Unidos no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico, com ações contra embarcações suspeitas de transportar drogas de países como a Venezuela. Recentemente, um ataque aéreo resultou em três mortes, elevando o número total de mortos nessas operações para pelo menos 70. O governo venezuelano nega qualquer envolvimento com o narcotráfico e acusa os EUA de criar pretextos para uma possível invasão, dado o interesse nas reservas de petróleo do país.
Lula reconheceu que a América Latina e o Caribe enfrentam desafios internos, como extremismo político, manipulação da informação e crime organizado, o que tem levado a uma divisão regional. Ele lamentou que muitas iniciativas e ideias discutidas em reuniões não sejam implementadas.
Em relação à segurança pública, o presidente enfatizou que é um dever do Estado e um direito fundamental dos cidadãos. Ele defendeu a repressão ao crime organizado, o combate ao financiamento dessas organizações e a eliminação do tráfico de armas, embora não tenha mencionado especificamente a recente operação no Rio de Janeiro, que resultou em um grande número de mortes. Lula destacou a importância da cooperação internacional para enfrentar esses desafios, citando o comando tripartite na tríplice fronteira com a Argentina e o Paraguai, e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, que reúne nove países sul-americanos.
O presidente também aproveitou a oportunidade para destacar a importância da COP30, que será realizada em Belém, e convidou os países a reconhecerem os esforços em prol da conferência. Ele ressaltou que o evento é uma oportunidade para a América Latina e o Caribe demonstrarem ao mundo a importância de conservar as florestas para o futuro do planeta. Lula enalteceu o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, enfatizando seu potencial para valorizar as florestas em pé, em vez de derrubadas.
Finalizando seu discurso, Lula defendeu a igualdade de gênero e expressou o desejo de ver uma mulher latino-americana no cargo de secretária-geral da ONU, ressaltando que, apesar de representarem a maior parte da população mundial, as mulheres nunca ocuparam a mais alta função nas Nações Unidas. Ele deixou Santa Marta para seguir para Belém, onde participará da abertura da COP30.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

