O procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, compareceu a uma sabatina no Senado Federal, onde defendeu sua atuação no processo referente à trama golpista que envolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. O processo investiga a tentativa de golpe de Estado e outros crimes.
Durante a sabatina, Gonet respondeu a críticas de senadores ligados ao ex-presidente, que classificaram o julgamento como “perseguição política”. Em sua defesa, o procurador-geral afirmou categoricamente: “Não há criminalização da política em si. Sobretudo, a tinta que imprime as peças produzidas pela Procuradoria-Geral da República não tem as cores das bandeiras partidárias”.
Gonet destacou o uso de acordos de não persecução penal (ANPPs) no decorrer do processo. Segundo ele, o benefício foi concedido aos acusados que reconheceram seus erros e se comprometeram com medidas de reparação, mantendo assim o status de réus primários. Até outubro, 568 investigados foram beneficiados com esses acordos, enquanto 715 foram condenados e houve 12 absolvições, a maioria a pedido do Ministério Público Federal (MPF).
O procurador-geral informou que 606 processos ainda estão em andamento, o que representa 32,3% do total. Para Gonet, os números demonstram que a atuação do Procurador-Geral da República foi confirmada em sua correção pela instância julgadora na vasta maioria dos casos encerrados.
Além disso, Paulo Gonet ressaltou que suas manifestações sempre se restringiram aos autos do processo, evitando vazamentos ilegais e comentários públicos. “O respeito ao sigilo judicial foi sempre obedecido de modo absoluto”, enfatizou.
O procurador-geral também mencionou sua atuação em casos como o escândalo de desvios no INSS, o acordo sobre o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG) e o combate ao crime organizado.
Senadores aliados de Jair Bolsonaro criticaram a atuação do PGR no caso da trama golpista julgada no Supremo Tribunal Federal (STF). O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, acusou Gonet de “esculhambar” o Ministério Público, afirmando que ele entrou num “jogo sujo” e parece estar cumprindo ordens. Flávio Bolsonaro também defendeu seu irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusado pela PGR de obstrução da Justiça por promover uma campanha nos Estados Unidos contra ministros do STF e a economia brasileira.
Em resposta, Gonet reafirmou que nunca foi movido por questões partidárias e que os processos da PGR são resultados de avaliações detidas e amplas, feitas de forma sóbria, conscienciosa e respeitosa com todos os envolvidos.
Durante a sabatina, Gonet mencionou uma carta da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) em apoio à sua recondução ao cargo. No entanto, Flávio Bolsonaro criticou a manifestação da ANPR.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

