Em uma iniciativa para marcar o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS), em colaboração com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), promoveu uma ação impactante em frente aos Arcos da Lapa, no coração da cidade.
A data, reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1995, tem como objetivo prestar apoio às vítimas de acidentes de trânsito, sensibilizar a população sobre a importância da segurança viária e homenagear tanto os falecidos quanto seus familiares, além de reconhecer o trabalho dos profissionais de emergência.
Este ano, a campanha adota o tema “Talentos Perdidos”, em alusão ao fato de que os acidentes de trânsito representam a principal causa de morte entre crianças e jovens em escala global, resultando em uma perda irreparável para a sociedade.
Estatísticas recentes revelam um cenário preocupante na capital fluminense. Somente nos dez primeiros meses deste ano, 640 vidas foram ceifadas em acidentes nas vias e rodovias da cidade, incluindo atropelamentos e colisões. A Zona Norte concentra o maior número de óbitos, com 234 casos, seguida pela Zona Oeste, com 182. Esses dados, provenientes do Instituto de Segurança Pública (ISP), indicam que essas duas regiões têm sido historicamente as mais afetadas por homicídios culposos de trânsito no município. A SMS alerta que o número de mortes já é o sexto maior da série histórica, iniciada em 2008. No ano anterior, foram registradas 723 mortes.
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, destacou que 68% das 640 vítimas fatais de acidentes de trânsito eram motociclistas. Ele enfatizou que a maioria dos acidentes com mortes envolve motos e que, ao longo do ano, 47 mil pessoas foram atendidas em unidades de saúde devido a acidentes de trânsito.
Soranz apontou o excesso de velocidade, o desrespeito ao sinal vermelho e o uso do telefone ao volante como as principais causas desses acidentes. Ele apelou à conscientização dos cidadãos, ressaltando que uma atitude imprudente no trânsito pode ter consequências devastadoras, como a perda de vidas, internações hospitalares e sequelas permanentes.
O impacto na rede municipal de saúde é significativo, com 6 mil profissionais dedicados ao cuidado das vítimas de acidentes de trânsito e salas de politrauma frequentemente lotadas. Soranz informou que 40% de todas as cirurgias ortopédicas realizadas na cidade do Rio são em pacientes vítimas de acidentes de moto, ressaltando os altos custos associados a essas internações, que totalizam R$ 130 milhões por ano.
André Drummond Soares de Moura, diretor técnico da CET-Rio, mencionou os acordos firmados entre a prefeitura e empresas de aplicativos como Uber, 99 e Ifood. O objetivo é que essas empresas compartilhem informações sobre mototaxistas que praticam manobras perigosas, como exceder o limite de velocidade, desrespeitar o sinal vermelho, trafegar na contramão ou utilizar calçadas e faixas de ciclistas. Moura explicou que o monitoramento realizado pelas plataformas é mais abrangente do que o das câmeras da prefeitura e que o compartilhamento de dados sobre condutores com histórico de direção perigosa permitirá a aplicação de punições, além de promover a educação no trânsito por meio de capacitação e treinamento.
Um estudo recente do Atlas da Violência revelou que a taxa de mortes causadas por acidentes de trânsito voltou a crescer no país, atingindo 16,2 óbitos a cada 100 mil habitantes em 2023, um aumento de 2,5% em relação a 2022. Em relação a acidentes envolvendo motocicletas, a taxa atingiu 6,3 mortes por 100 mil habitantes em 2023, representando um aumento de 12,5% em relação ao ano anterior.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

