Centenas de pessoas se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, nesta quinta-feira, para a 22ª edição da Marcha da Consciência Negra – Zumbi e Dandara 300+ 30. O evento, organizado pelo Movimento Negro Unificado (MNU) e pela União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro), teve como objetivo celebrar a importância de Palmares e seus líderes, além de destacar a necessidade de maior representatividade negra nas instituições de poder da sociedade.
A manifestação foi marcada por apresentações de dança e música afro-brasileira, com shows de reggae, MPB e Black Music. Entre as atrações musicais, líderes e ativistas discursaram sobre pautas urgentes e a importância da mobilização em prol de objetivos comuns.
O professor Ailton Santos, um dos organizadores do evento, enfatizou a necessidade de a sociedade brasileira incluir aqueles que historicamente são marginalizados. “Diariamente, o povo negro sofre em função de várias violências. Normalmente falamos da morte matada, mas esse é o último estágio, porque até ela chegar, passamos diariamente por outras, que envolvem mobilidade, segurança, saúde e educação”, afirmou. Ele também destacou a importância de o governo reconhecer e reparar as desigualdades históricas enfrentadas pela população negra.
Ana Paula Félix, copeira de 56 anos, participou da marcha para apoiar a luta contra o preconceito e a desvalorização da população negra. Mãe de três filhos formados em universidades públicas, graças a políticas de apoio, ela ressaltou que ainda há muito a ser feito. “A periferia ainda é o pior lugar para os negros morarem, porque é o lugar que a polícia não respeita. E nossos filhos é que pagam esse preço. Então a gente tem que estar sempre falando aos nossos filhos: Cuidado, não corre na rua, anda sempre com documento, põe sempre a camisa, esteja sempre com o cabelo cortado, barba feita. Porque são os negros que mais morrem”, lamentou.
Após a concentração inicial, os manifestantes seguiram em caminhada até o Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde foram apresentadas pautas, reivindicações e propostas de participação em movimentos sociais. Giovana Santos, atendente de telemarketing de 31 anos, acompanhou o ato e destacou a importância de se manter informada sobre as políticas públicas e de combater a violência, inclusive a violência policial. “Temos visto a polícia, que deveria sempre nos proteger, nos atacar. É muito importante a população saber disso, e é muito bom saber que os movimentos têm se organizado para reivindicar, embora ainda pareça um sonho, a gente sentar e conversar e tentar se entender”, concluiu.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

