Os Correios anunciaram um plano abrangente de reestruturação financeira e operacional, visando garantir a sustentabilidade e modernização da estatal. A iniciativa, apresentada nesta quarta-feira, busca reverter o cenário de prejuízos e preparar a empresa para um futuro competitivo.
Um dos pilares desse plano é a negociação de um empréstimo de R$ 20 bilhões com bancos, com garantia do Tesouro Nacional. O montante seria destinado a cobrir as operações dos Correios e restabelecer o equilíbrio financeiro nos próximos dois anos, com a expectativa de gerar lucro a partir de 2027.
A situação financeira da empresa tem se deteriorado, com um prejuízo de R$ 4,36 bilhões registrado no primeiro semestre deste ano, um aumento significativo em relação ao déficit de R$ 1,3 bilhão no mesmo período de 2024. Segundo o presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, a crescente concorrência no setor de comércio eletrônico é um dos principais fatores que contribuem para esse resultado negativo.
“Nossa empresa não se adaptou de forma ágil a uma nova realidade, e isso impactou nossos resultados, geração de caixa e operação. A perda de competitividade tem levado à redução de receitas”, admitiu Rondon, que assumiu o cargo há menos de um mês. Ele também destacou o peso do Postalis, o fundo de pensão dos funcionários, como um item relevante nas despesas da empresa, defendendo a necessidade de uma solução mais eficiente.
O plano de reestruturação envolve diversas medidas, incluindo cortes de despesas operacionais e administrativas, diversificação de receitas e recuperação da liquidez. Para reduzir os gastos, a empresa lançará um novo Programa de Demissões Voluntárias (PDV), com um mapeamento detalhado da força de trabalho em todo o país para identificar áreas ociosas e ineficiências.
Além disso, a estatal planeja a venda de imóveis ociosos, gerando receita adicional e reduzindo os custos de manutenção. A renegociação de contratos com os maiores fornecedores também está em pauta, buscando condições mais vantajosas sem comprometer a segurança jurídica das operações.
Para aumentar as receitas, os Correios pretendem expandir seu portfólio de produtos e serviços, com foco na reaproximação com grandes clientes e na análise de experiências internacionais, especialmente na área de serviços financeiros. O lançamento de novos produtos também está nos planos.
A empresa espera que o empréstimo negociado ajude a financiar as medidas de reestruturação, permitindo que a empresa alcance o equilíbrio financeiro em 2025 e 2026 e inicie um ciclo de resultados positivos a partir de 2027.
Em maio deste ano, os Correios já haviam anunciado um pacote de medidas emergenciais, incluindo outro PDV, redução de jornada de trabalho e suspensão temporária das férias. O PDV anterior resultou na adesão de cerca de 3,5 mil empregados, gerando uma economia anual de R$ 750 milhões.
Questionado sobre a possibilidade de privatização, o presidente Rondon afirmou que as medidas em estudo para o curto prazo são mais abrangentes do que as implementadas recentemente e têm o potencial de reestruturar a empresa. Ele ressaltou que o foco atual é garantir o equilíbrio financeiro e a viabilidade dos Correios.
Com uma presença em todos os municípios do Brasil, uma vasta rede de agências e unidades operacionais, e um quadro de 80 mil empregados, os Correios buscam se reerguer e garantir um futuro sustentável.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br