O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou preocupação com o impacto dos conflitos armados globais no meio ambiente, durante a abertura da segunda sessão temática da Cúpula do Clima, realizada em Belém. Segundo ele, a guerra na Ucrânia, que já se estende por quase quatro anos, interrompeu um período de progresso na redução das emissões de gases poluentes, colocando em risco o futuro climático do planeta.
“O conflito na Ucrânia reverteu anos de esforços para a redução da emissão de gases do efeito estufa e levou à reabertura de minas de carvão,” declarou o presidente, ressaltando a necessidade de priorizar investimentos em ações climáticas em vez de gastos militares. “Gastar com armas o dobro do que destinamos à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático. Não haverá segurança energética em um mundo conflagrado”.
A Cúpula do Clima, que antecede a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), tem como objetivo central atualizar e fortalecer os compromissos multilaterais para enfrentar a crise climática. O evento conta com a participação de líderes globais, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres, e representantes de governos europeus.
Lula também abordou a questão da transição energética justa, destacando que populações em países pobres e em desenvolvimento ainda enfrentam dificuldades no acesso à energia limpa e sustentável. Ele enfatizou a importância de combater a pobreza energética, mencionando que bilhões de pessoas ainda dependem de combustíveis inadequados para cozinhar e milhões de crianças frequentam escolas sem eletricidade. “Sem energia, também não há conexão digital, hospitais funcionando ou agricultura moderna”, observou.
O presidente brasileiro criticou o sistema financeiro global por continuar a investir no setor de petróleo, mesmo diante da urgência da crise climática. Ele mencionou que, no ano passado, os maiores bancos do mundo se comprometeram a conceder centenas de bilhões de dólares para o setor de petróleo e gás.
Lula anunciou a criação de um fundo para canalizar lucros do setor de óleo e gás para investimento em energia renovável. Segundo ele, o Brasil estabelecerá um fundo desta natureza para financiar o enfrentamento da mudança do clima e estabelecer justiça climática. Ele também cobrou ação para equacionar a “injustiça de dívidas externas impagáveis” e as exigências que discriminam países em desenvolvimento.
O presidente concluiu seu discurso pedindo a implementação do acordo da COP28 de triplicar a energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030, além de colocar a eliminação da pobreza energética nos planos climáticos nacionais e priorizar o tema da eliminação da pobreza energética nas metas climáticas nacionais dos países.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

