A Polícia Federal (PF) não poderia combater o crime organizado de forma eficaz se precisasse de autorização de governadores para agir, afirmou o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues. A declaração foi feita em entrevista e reflete a preocupação com uma proposta anterior do relator do PL Antifacção, que foi posteriormente revista.
Rodrigues usou como exemplo o caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, enfatizando que a investigação independente foi fundamental para o seu avanço. “Descortinamos ali um crime que teve a participação, inclusive, de agentes do Estado para o seu cometimento e agentes de alto escalão do Estado. Houve conselheiro do Tribunal de Contas, deputado federal e também policiais envolvidos nesse crime”, ressaltou o diretor da PF.
A autonomia para investigar e atuar também foi crucial para a realização da operação Carbono Oculto, conforme lembrou Rodrigues. Ele defendeu que é necessário melhorar o sistema de justiça criminal, ampliar as capacidades da Polícia e avançar na cooperação, na integração e no enfrentamento ao crime organizado.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também se manifestou sobre o tema, apontando que o texto inicial do parecer do deputado Guilherme Derrite poderia comprometer investigações em andamento sobre a atuação do crime organizado no setor de combustíveis. Segundo Haddad, a proposta poderia enfraquecer a atuação da Receita Federal e da PF no combate a essas organizações criminosas.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, expressou a expectativa de que o projeto de lei Antifacção, de autoria do governo, seja aproveitado em sua maior parte. Ele manifestou surpresa com a rapidez da apresentação do relatório sobre o projeto e afirmou que parte do parecer relacionado à Polícia Federal é “inconstitucional”.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

