O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou suas críticas à continuidade do conflito em Gaza e à persistente falta de progresso na criação de um Estado palestino. A declaração ocorreu durante a cerimônia em que recebeu o título de doutor “Honoris Causa” em Filosofia e Desenvolvimento Internacional do Sul Global, concedido pela Universidade Nacional da Malásia, localizada em Putrajaya.
Em seu discurso, Lula destacou o papel das comunidades universitárias em todo o mundo, que têm se manifestado contra o que chamou de “brutalidade do genocídio em Gaza” e contra a “inércia moral” que impede a concretização do Estado Palestino. Ele ressaltou que, frequentemente, são os jovens que relembram a importância da paz como o valor mais precioso da humanidade.
O presidente também abordou a questão das tarifas comerciais, argumentando que o aumento de tarifas entre países não deve ser utilizado como ferramenta de coerção internacional. Ele afirmou que nações que não se curvam ao colonialismo e à dicotomia da Guerra Fria não se deixarão intimidar por “ameaças irresponsáveis”.
Defendendo o multilateralismo e a necessidade de reformas nas organizações internacionais, Lula enfatizou a relevância do Sul Global no cenário mundial, buscando justiça e a superação das desigualdades. Para ele, a defesa de uma ordem baseada no diálogo, na diplomacia e na igualdade soberana das nações é fundamental para a proposta brasileira de reformulação das Nações Unidas. Segundo o presidente, sem maior representatividade, o Conselho de Segurança permanecerá inoperante e incapaz de responder aos desafios contemporâneos.
No âmbito econômico, o presidente considera inaceitável que os países ricos detenham nove vezes mais poder de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI) em comparação com o Sul Global, região que engloba países da América Latina, Ásia e África, marcados por um histórico de colonialismo e desigualdades econômicas e sociais.
Lula também criticou o protecionismo e a paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC), que, segundo ele, impõem uma situação de assimetria insustentável para o Sul Global. Ele defendeu a interrupção dos mecanismos que sustentam há séculos o financiamento do mundo desenvolvido às custas das economias emergentes em desenvolvimento.
O presidente defendeu que a estrutura financeira global deve direcionar recursos para o desenvolvimento sustentável das nações emergentes. Ele argumentou que não é possível imaginar um mundo diferente sem questionar o modelo neoliberal, que aprofunda as desigualdades.
A agenda do presidente na Malásia se estende até a próxima terça-feira, quando participará de um encontro com empresários da Malásia e da Asean, bloco que reúne países do Sudeste Asiático. Neste domingo, está prevista uma reunião com o presidente dos Estados Unidos para discutir a questão das tarifas sobre produtos brasileiros importados pelos norte-americanos.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

