A recente licença concedida à Petrobras pelo Ibama para pesquisa exploratória na Margem Equatorial, na bacia sedimentar da Foz do Amazonas, região vista como um novo pré-sal, deve impulsionar um debate mais amplo e maduro sobre o uso de combustíveis fósseis no Brasil. A afirmação é da diretora-executiva da COP30, Ana Toni, que minimizou possíveis impactos negativos na credibilidade do Brasil na conferência climática, que será realizada em Belém.
Em encontro com a imprensa internacional, Toni argumentou que as contradições enfrentadas pelo Brasil em relação à exploração de petróleo são comuns a outros países. Ela destacou que a licença pode catalisar discussões necessárias sobre a matriz energética ideal para o país, um debate que, segundo ela, tem amadurecido em comparação com as discussões anteriores sobre desmatamento.
A diretora da COP30 salientou que o Brasil já enfrenta o problema do desmatamento, sua maior fonte de emissão, com políticas públicas em andamento. Ela expressou otimismo em relação a um debate mais aprofundado sobre a matriz energética desejada pela sociedade brasileira.
A licença concedida à Petrobras tem sido alvo de críticas por parte de organizações ambientais, indígenas, quilombolas e pescadores artesanais, que apontam falhas técnicas no processo de licenciamento e alertam para os riscos ambientais envolvidos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a exploração da Margem Equatorial, argumentando que os recursos obtidos com a exploração de petróleo serão investidos na transição energética. Segundo ele, os lucros gerados pelos combustíveis fósseis permitirão que a Petrobras se transforme em uma empresa de energia diversificada.
Questionada sobre a necessidade de o Brasil se defender perante outros países por incentivar a exploração de combustíveis fósseis, em um contexto de transição energética global, Toni afirmou que o país não precisa fazê-lo. Ela ressaltou que essa é uma decisão soberana do governo brasileiro e que o Brasil está bem posicionado em relação à coerência sobre mudanças climáticas.
Toni destacou que o Brasil tem cumprido suas obrigações no âmbito do Acordo de Paris, enfrentando abertamente seus desafios, como o desmatamento, e se preparando para a transição energética.
Sobre a COP30, Toni informou que 163 delegações já estão credenciadas e 132 já garantiram suas acomodações. Ela também comentou sobre os impactos do cenário internacional nas negociações climáticas, como as guerras militares e comerciais.
Toni mencionou a possibilidade de o presidente Lula reforçar o convite para que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participe da COP30, durante encontros na Malásia.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

