O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início ao julgamento de dez acusados, incluindo nove militares do Exército e um policial federal, envolvidos em um plano para manter o ex-presidente no poder após a derrota nas eleições. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, abriu a sessão com a leitura do relatório, detalhando o processo desde sua instauração até as alegações finais.
Os réus, integrantes do chamado “Núcleo 3”, são acusados de monitorar o ministro Alexandre de Moraes no final de 2022, com o objetivo de sequestrá-lo e matá-lo, ou “neutralizá-lo”, conforme a denúncia. Além de Moraes, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva também teria sido alvo de monitoramento, com o plano de assassiná-lo, juntamente com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, antes da posse em janeiro de 2023.
O monitoramento, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), demonstra que o plano de golpe não foi apenas idealizado, mas colocado em execução. As ações em campo faziam parte da “Operação Copa 2022”, derivada do plano Punhal Verde e Amarelo, cuja existência foi comprovada por documentos apreendidos pela Polícia Federal.
Os dez réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado. Os militares, conhecidos como “kids-pretos”, integraram o grupamento de forças especiais do Exército e são acusados de pressionar os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao plano golpista, por meio de campanhas de difamação.
O julgamento, que está sendo conduzido pela Primeira Turma do Supremo, deve se estender por várias sessões. A acusação e as defesas terão a oportunidade de apresentar suas alegações, e o tribunal reservou os dias 12, 18 e 19 de novembro para a análise do caso.
Até o momento, o STF já condenou 15 réus envolvidos na trama golpista: sete do Núcleo 4 e oito do Núcleo 1, liderado pelo ex-presidente. O julgamento do grupo 2 está previsto para começar em 9 de dezembro.
Entre os réus do Núcleo 3 estão Bernardo Romão Correa Netto (coronel), Estevam Theophilo (general), Fabrício Moreira de Bastos (coronel), Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel), Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel), Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel), Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel), Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel), Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel) e Wladimir Matos Soares (policial federal). No caso de Ronald Ferreira de Araújo Júnior, a PGR pediu a desclassificação da acusação para o crime de incitação das Forças Armadas contra os poderes constitucionais, o que pode abrir caminho para um acordo que o livre da condenação.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

